JARNAC – SUR LA RACINE DU MONDE – Na raiz do mundo – Jacky Lavauzelle

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L’HYPOTHESE DE L’HOMME
A HIPÓTESE DO HOMEM
Jarnac Charente Jacky Lavauzelle

 


 PHOTOS JACKY LAVAUZELLE

 


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CHARENTE

JARNAC
SUR LA RACINE DU MONDE
Na raiz do mundo
poème Jacky Lavauzelle

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Chaque goutte est une ancienne larme
Cada gota é uma lágrima velha
D’un lointain horizon
De um horizonte distante
De complexes et inattendues substances aromatiques aériennes
Substâncias aromáticas aéreas complexas e inesperadas
Tombée dans le creux de ta main
Caído no oco da sua mão
Et de la main sur la croix
E com a mão na cruz
Et de la croix sur la racine du monde
E a cruz na raiz do mundo
Dans le coeur des arômes
No coração dos aromas

Sur une pierre si blanche et si loin du si proche océan
Em uma pedra tão branca e tão longe do oceano tão perto
Chaque goutte souffre sa croix
Cada gota sofre sua cruz
Dans l’éclat de la chauffe chantante
No brilho cantando do aquecedor
Douce mort dans ma tête et dans mes rêves
Doce morte na minha cabeça e nos meus sonhos
Chaque goutte vient d’une antique peine

Cada gota vem de uma dor antiga

Donnant l’une une étoile, l’autre un éclat
Dando uma a estrela e a outra uma faísca
L’une de l’acide et l’autre du sec
Um do ácido e o outro do seco
Donnant à la plus grande force le regard impuissant

Dando a maior força o olhar desamparado
Chaque goutte attend les autres gouttes dans un prochain cataclysme
Cada gota está esperando pelas outras gotas em um próximo cataclismo
Le temps passe et repasse
O tempo passa e repassa
Dans des cuivres aux longues chevelures éternelles
Em latão com cabelo longo e eterno
Laissant fouetter sa chevelure dorée
Deixando seu chicote de cabelo dourado
Dans la dureté de l’instant
Na dureza do momento
Le temps raccroche enfin ses gants
O tempo finalmente desliga as luvas

Dans mon rêve finissant
No final do meu sonho
Les pieds foulent les eaux lascives
Pés pisam as águas lascivas
 Mais qui s’en souvient des bouquets d’antan ?
Mas quem se lembra dos buquês de antigamente?
Qui s’en soucie ?
Quem se importa?
La première clarté de la terre repose sur le blanc de la craie
A primeira luz da terra repousa sobre o giz branco
Mais qui la voit ?
Mas quem vê isso?
Combien de vagues ont fini englouties ?
Quantas ondas acabaram engolidas?
Combien de trésors s’offrent au regard des nuages qui gonflent 

Quantos tesouros são oferecidos pelas nuvens que incham
Par la porte nacrée de l’île Madame ?
Pela porta perolada da ilha Madame?
Mais qui voit encore un peu à travers le judas du réel ?
Mas quem ainda vê um pouco através do olho mágico da realidade?
Au cœur de chaque goutte
No coração de cada gota
Le parfum des cépages du Bois Clos
A fragrância das castas Bois Clos
 Marche et retombe
Ande e caia
Mais qui encore l’entend ?
Mas quem ainda ouve isso?
La terre imitera les eaux et glissera au travers des rues
A terra vai imitar as águas e escorregar pelas ruas
La clarté inondera les rives bordées d’ugni blanc que les romains foulaient
A clareza inundará os bancos forrados com ugni branco que os romanos trilharam
Nous ne sommes plus au petit matin
Nós não estamos no início da manhã
Le temps qui s’éclipse
O tempo que se esvai
Inonde les cimes et les brouillis affermis
Picos de inundação e brouillis firmado
Tout se tend vers les eaux intérieures
Tudo está se movendo em direção às águas interiores
Jusqu’au plus jeune arbre qui ploie
Até a árvore mais nova que se dobra
 Devant de malheureux chênes dans leur toute puissance
Na frente de desafortunados carvalhos em todo o seu poder
 Un petit arbre qui plonge
Uma pequena árvore que mergulha
Et retombe
E quedas
Chaque goutte est née dans la sueur d’un alambic doré
Cada gota nasce no suor de um alambique dourado
 Chaque pierre se souvient de chaque goutte
Cada pedra lembra cada gota
De sa dernière inondation
De sua última enchente
Des vitesses des têtes et des forces des queues
Velocidades de cabeça e forças de cauda
A se heurter dans le plus âpre remous
Para colidir no mais furioso turbilhão
Devenir vivant dans une si profonde ivresse
Torne-se vivo em uma intoxicação tão profunda
A cheval sur l’infirme cep décati
Ocupando uma pobre variedade de uva aleijada
Qui casse
Quem quebra
Retombe
E quedas
Déraillant comme déraille le monde
Derrubando o mundo como descarrilou
Et remonte soudain
E de repente volta
Une corde au cou du côté des anges
Uma corda no pescoço dos anjos
Chaque pierre se souvient
Cada pedra lembra
De son dernier voyage
De sua última viagem
De sa première rencontre
Desde sua primeira reunião
Des sous-bois d’automne
Vegetação rasteira no outono
Du vol paresseux des fragrances des huiles de noix caverneuses
O vôo preguiçoso de fragrâncias de óleos de noz cavernosos
La clarté de la terre épouse alors la puissance des barils infinis
A clareza da terra então se casa com o poder de barris infinitos
Et les ondes nacrées des vertes frondaisons
E ondas peroladas de folhagem verde
 D’une si douce eau-de-vie qui glisse
De uma doce aguardente que escorrega
 S’arrondit dans de multiples plis
Arredondamentos em várias dobras
 Et se cache au loin
E se esconde à distância
Dans le bruit des tonneaux assemblés
No som de barris montados
Comme s’assemble le monde
Como o mundo se encontra
Chaque goutte goutte sa joie
Cada gota goteja sua alegria
Chaque goutte repose au fond 

Cada gota fica no fundo
D’un chai si profond
Uma adega tão profunda
Où plane le baiser final et doux du rancio victorieux
Onde o beijo final e doce de rancio vitorioso paira

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FRANCE
JARNAC
CHARENTE
Jarnac Charente Jacky Lavauzelle